terça-feira, 20 de setembro de 2011

Não retenha o lixo

PELICANO, UM NAVIO QUE PAÍS NENHUM QUER EM SUAS ÁGUAS, FUNCIONA COMO PARÁBOLA PARA NOSSAS VIDAS



Antes de começar a receber idéias, coisas e pessoas novas em sua vida, é essencial que você abra espaço para elas. E isso significa jogar fora tudo o que você não usa mais, não precisa ou não gosta. Se estivesse redecorando sua casa, removeria todas as coisas velhas, antes de arrumar os móveis novos em seus lugares. É a mesma coisa com sua vida. Atravancamento, tanto físico como emocional, toma espaço e bloqueia o caminho, impedindo coisas novas de entrar. Assim, seja implacável no que diz respeito a livrar-se daquilo que já não lhe serve mais.

Você já ouviu falar do Pelicano? O Pelicano é o navio mais indesejado do mundo. Desde 1986, ele tem sido o errante dos mares. Ninguém o quer. O Sri Lanka não o quer. As Bermudas não o querem. A República Dominicana o expulsou. A mesma coisa fizeram a Holanda, as Antilhas e Honduras.

O problema não é o navio. Embora enferrujado e inoportuno, o cargueiro de 466 pés de comprimento (cerca de 154 metros) apresenta boas condições de navegação. O problema não é a documentação do navio. Os proprietários atualizaram a licença e as taxas foram pagas. O problema não é a tripulação. Eles podem sentir-se indesejados, mas não são ineficientes. Então, qual é o problema? Qual é a causa de anos de rejeição? Recusado no Sri Lanka. Expulso na Indonésia. Rejeitado no Haiti. Por que o Pelicano é o navio mais indesejado do mundo?

É simples. Ele está cheio de lixo. Quinze mil toneladas de lixo. Cascas de laranja. Garrafas de cerveja. Jornais. Restos de cachorros- quentes. Lixo. O lixo do longo verão da Filadélfia em 1986. Foi quando os trabalhadores municipais fizeram uma greve. Foi quando o lixo cresceu mais e mais. Foi quando o estado da Geórgia o recusou e Nova Jersey não o quis. Ninguém quis o lixo de Filadélfia.

Foi assim que o Pelicano entrou em cena. Os proprietários pensaram que ganhariam um dinheiro fácil com o transporte do lixo. O material foi queimado e o navio foi carregado com as cinzas. Mas ninguém as quer. No início, o problema era sua grande quantidade. No final, era um lixo muito antigo. Quem vai querer lixo potencialmente tóxico?

A situação do Pelicano é uma prova. Navios cheios de lixo encontram poucos amigos. A situação do Pelicano é também uma parábola. Corações cheios de lixo não têm melhor sorte.

Imagino que alguém pode se comparar ao Pelicano. Será que você também é rejeitado no cais? Será que está navegando para longe dos seus amigos e da sua família? Se for assim, você deve verificar a bagagem que está em seu coração. Quem vai querer oferecer espaço no cais para um coração que não tem mais espaço para nada e cheira mal?

A vida tem seu próprio modo de descarregar o seu lixo em casa ou no convés de nosso navio. O seu marido trabalha muito. A sua esposa reclama muito. O seu chefe exige muito. Os seus filhos choramingam muito. O resultado? Lixo. Cargas e mais cargas de ira. Culpa. Pessimismo. Amargura. Intolerância. Ansiedade. Decepção. Impaciência. Tudo isso vai se acumulando.

O lixo nos afeta. Contamina nossos relacionamentos. Mantenha o lixo a bordo e as pessoas sentirão o seu mau cheiro. Os problemas do Pelicano começaram com o primeiro carregamento. A tripulação deveria tê-lo rejeitado desde o início. A vida de todos a bordo teria sido muito mais fácil se não tivessem permitido que o lixo se acumulasse.

Como você poderia mudar a situação do Pelicano? Mudando seu carregamento. Encha o seu convés e os seus depósitos com flores ao invés de lixo, com presentes ao invés de cinzas, e ninguém recusará o navio. Mude o carregamento e você mudará o navio.

Para o que, ou quem, você precisa dizer "não"? O que ou quem você meramente tolera? Está na hora de terminar um relacionamento que o desgosta? De recusar- se a fazer favores que até agora fez porque sentia obrigação? É importante limpar tudo. Talvez essa idéia o assuste, mas, depois que tudo estiver em ordem, você sentirá um enorme alívio.
Daniel de Carvalho Luz

Nenhum comentário:

Postar um comentário