terça-feira, 4 de outubro de 2011

Paixão, Ciúme e Traição: A “liquidez” das relações humanas no ciberespaço

“Desejo e amor encontram-se em
campos opostos. O amor é uma
rede lançada sobre a eternidade,
o desejo é um estratagema para
livrar-se da faina de tecer redes.
Fiéis a sua natureza, o amor se
empenharia em perpetuar o desejo,
enquanto este se esquivaria dos
grilhões do amor”. (BAUMAN,2004: p.25).

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Agora eu sei

Roberto Carlos

Quanto tempo de sonho perdido
Quanto tempo esquecido
É melhor nem lembrar
Eu pensei que entendia de tudo
Que sabia de tudo
Mas vivia no ar
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu
Dos conselhos que às vezes ouvia
Eu sempre fugia
Não queria entender
E num mundo de sonho andava
E só acreditava em mim
E em você
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu
E hoje meu caminho é incerto
O meu mundo é deserto
Eu não vivo porque
Eu pensei que entendia de tudo
Que sabia de tudo
Mas não sei de você
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu
Mas agora eu sei
O que aconteceu
Quem sabe menos das coisas
Sabe muito mais que eu

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Aprendendo das cozinheiras

Rubem Alves


A se acreditar em entendidos em coisas de outros mundos, já devo ter sido cozinheiro em alguma vida passada. É que tenho um fascínio enorme pelas panelas, pelo fogo, pelos temperos e por toda a bruxaria que acontece nas cozinhas, para a produção das coisas que são boas para o corpo. Não é só uma questão de sobrevivência. Os cozinheiros dos meus sonhos não se parecem com especialistas em dietética.

Interessa-me mais o prazer que aparece no rosto curioso e sorridente de alguém que tira a tampa da panela, para ver o que está lá dentro. Minhas cozinhas, em minhas fantasias, nada têm a ver com estas de hoje, modernas, madeiras sem a memória dos cortes passados e das coisas que se derramaram, tudo movido a botão, forno de micro-ondas, adeus aos jogos eróticos preliminares de espiar, cheirar, beliscar, provar, perfurar... Tudo rápido, tudo prático, tudo funcional. Imaginei que quem assim trata a cozinha, no amor deve ser semelhante aos galos e galinhas, quanto mais depressa melhor, há coisas mais importantes a se fazer. Como aquele vendedor de pílulas contra a sede, da estória do "Pequeno Príncipe". Ir até o filtro é uma perda de tempo. Com a pílula elimina-se a perda inútil. “E que é que eu faço com o tempo que eu perco?" — perguntou o Principezinho.

"...Você faz o que quiser", respondeu o vendedor." — Que bom! Então, é isto o que vou fazer, ir bem devagarzinho, mãos nos bolsos, até a fonte, beber água..."

Quero voltar à cozinha lenta, erótica, lugar onde a química está mais próxima da vida e do prazer, cozinha velha, quem sabe com alguns picumãs pendurados no teto, testemunhos de que até mesmo as aranhas se sentem bem ali.

Nada melhor que o contraste. A sala de visitas, por exemplo. Lá no interior de Minas, faz tempo. Retrato silencioso oval do avô, na parede; samambaia no cachepô de madeira envernizada; porta-bibelôs; as cadeiras, encostos verticais, 90 graus, para que ninguém se acomodasse; capas brancas engomadas pra que nenhuma cabeça brilhantinosa se encostasse; os donos dizendo em silêncio "está mesmo na hora", enquanto a boca mente dizendo "ainda é cedo", na hora da partida, junto com as recomendações á tia Sinhá (porque toda família tinha de ter uma tia Sinhá). Aí a porta se fechava, e a vida recomeçava, na cozinha...

A porta da rua ficava aberta. Era só ir entrando. Se não encontrasse ninguém não tinha importância, porque em cima do fogão estava a cafeteira de folha, sempre quente, para quem quisesse. Tomava-se o café e ia-se embora, havendo recebido 0 reconforto daquela cozinha vazia e acolhedora. Eu diria que a cozinha é o útero da casa: lugar onde a vida cresce e o prazer acontece, quente... Tudo provoca o corpo e sentidos adormecidos acordam. São os cheiros de fumaça, da gordura queimada, do pão de queijo que cresce no forno, dos temperos que transubstanciam os gostos, profundos dentro do nariz e do cérebro, até o lugar onde mora a alma. Os gostos sem fim, nunca iguais, presentes na ponta da colher para a prova, enquanto 0 ouvido se deixa embalar pelo ruído crespo da fritura e os olhos aprendem a escultura dos gostos e dos odores nas cores que sugerem o prazer...

Cozinha: ali se aprende a vida. É como uma escola em que o corpo, obrigado a comer para sobreviver, acaba por descobrir que o prazer vem de contrabando. A pura utilidade alimentar, coisa boa para a saúde, pela magia da culinária, se torna arte, brinquedo, fruição, alegria. Cozinha, lugar dos risos...

Pensei então se não haveria algo que os professores pudessem aprender com os cozinheiros: que a cozinha fosse a antecâmara da sala de aulas, e que os professores tivessem sido antes, pelo menos nas fantasias e nos desejos, mestres-cucas, especialistas, nas pequenas coisas que fazem o corpo sorrir de antecipação. Isto. Uma Filosofia Culinária da Educação. Imaginei que os professores, acostumados a homens ilustres, sem cheiro de cebola na mão, haveriam de se ofender, pensando que isto não passa de uma gozação minha.

Logo me tranqüilizei, ouvindo a sabedoria de Ludwig Feuerbach, a quem até mesmo Marx prestou atenção: "O homem é aquilo que ele come". Abaixo Descartes. Idéias claras e distintas podem ser boas para o pensamento. Também bombas atômicas e as contas do FMI são boas para serem pensadas. Só que não podem ser amadas, não têm gosto e nem cheiro, e por isto mesmo a boca não as saboreia e não entram em nossa carne.

Imitar os que preparam as coisas boas e ensinam os sabores...

A primeira lição é que não há palavra que possa ensinar o gosto do feijão ou o cheiro do coentro. É preciso provar, cheirar, só um pouquinho, e ficar ali, atento, para que o corpo escute a fala silenciosa do gosto e do cheiro. Explicar o gosto, enunciar o cheiro; pra estas coisas a Ciência de nada vale; é preciso sapiência, ciência saborosa, para se caminhar na cozinha, este lugar de saber-sabor. Cozinheiro: bruxo, sedutor. "— Vamos, prove, veja como está bom..." Palavras que não transmitem saber, mas atentam para um sabor. O que importa está para além da palavra. É indizível. Como ele seria tolo se avaliasse seus alunos por meio de testes de múltipla escolha. É assim com a vida inteira, que não pode ser dita, mas apenas sugerida. Lembro-me do mestre Barthes, a quem amo sem ter conhecido, que compreendia que tudo começa nesta relação amorosa, ligeiramente erótica, entre mestre e aprendiz, e que só aí que se pode saborear, como numa refeição eucarística, os pratos que o mestre preparou com a sua própria carne...

A lição dois é que o prazer do gosto e do cheiro não convivem com a barriga cheia. O prazer cresce em meio às pequenas abstenções, às provas que só tocam a língua... É aí que o corpo vai se descobrindo como entidade maravilhosamente polimórfica na sua infindável capacidade para sentir prazeres não pensados. Já os estômagos estufados põem fim ao prazer, pedem os digestivos, o sono e a obesidade. Cozinheiros de tropa nada sabem sobre o prazer. A comida se produz às dezenas de quilos. Pouco importa que os corpos sorriam. Comida combustível. Que os corpos continuem a marchar. Melhor se fossem pílulas. Abolição da cozinha, abolição do prazer: pura utilidade, zero de fruição.

"— Estava boa a comida?"

"— Ótima. Comi um quilo e duzentas gramas..."

Equação desejável, pela redução do prazer à quantidade de gramas. Não deixa de ser uma Filosofia... Como aquela que desemboca nos cursinhos vestibulares e já se anuncia desde a primeira série do primeiro grau. Não se trata da erotização do corpo. Para a engorda tais sensibilidades são dispensáveis. Artifício na criação de gansos, para a obtenção de fígados maiores: funis goelas abaixo e por ali a comida sem gosto. Afinal, por que razão o prazer de um ganso seria importante? Seus donos sabem o que é melhor para eles... Vi nossos moços assim, funis goela abaixo, e depois vomitando e pensando o seu vômito. A isto se chama ver quantos pontos se fez no vestibular...

Entendem por que eu queria uma filosofia culinária de educação? É que temos tornado os criadores de ganso como modelos...


Texto extraído do livro “Estórias de quem gosta de ensinar – O fim dos vestibulares”, Ars Poética – São Paulo, 1995, pág. 133.

Rubem Alves: tudo sobre o autor e sua obra em "Biografias".

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

poema- avenida das lágrimas

A Avenida das Lágrimas


A um Poeta morto.


Quando a primeira vez a harmonia secreta
De uma lira acordou, gemendo, a terra inteira,
- Dentro do coração do primeiro poeta
Desabrochou a flor da lágrima primeira.


E o poeta sentiu os olhos rasos de água;
Subiu-lhe â boca, ansioso, o primeiro queixume:
Tinha nascido a flor da Paixão e da Mágoa,
Que possui, como a rosa, espinhos e perfume.


E na terra, por onde o sonhador passava,
Ia a roxa corola espalhando as sementes:
De modo que, a brilhar, pelo solo ficava
Uma vegetação de lágrimas ardentes.


Foi assim que se fez a Via Dolorosa,
A avenida ensombrada e triste da Saudade,
Onde se arrasta, à noite, a procissão chorosa
Dos órfãos do carinho e da felicidade.


Recalcando no peito os gritos e os soluços,
Tu conheceste bem essa longa avenida,
- Tu que, chorando em vão, te esfalfaste, de bruços,
Para, infeliz, galgar o Calvário da Vida.


Teu pé também deixou um sinal neste solo;
Também por este solo arrastaste o teu manto...
E, ó Musa, a harpa infeliz que sustinhas ao colo,
Passou para outras mãos, molhou-se de outro pranto.


Mas tua alma ficou, livre da desventura,
Docemente sonhando, as delícias da lua:
Entre as flores, agora, uma outra flor fulgura,
Guardando na corola uma lembrança tua...


O aroma dessa flor, que o teu martírio encerra,
Se imortalizará, pelas almas disperso:
- Porque purificou a torpeza da terra
Quem deixou sobre a terra uma lágrima e um verso.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Não retenha o lixo

PELICANO, UM NAVIO QUE PAÍS NENHUM QUER EM SUAS ÁGUAS, FUNCIONA COMO PARÁBOLA PARA NOSSAS VIDAS



Antes de começar a receber idéias, coisas e pessoas novas em sua vida, é essencial que você abra espaço para elas. E isso significa jogar fora tudo o que você não usa mais, não precisa ou não gosta. Se estivesse redecorando sua casa, removeria todas as coisas velhas, antes de arrumar os móveis novos em seus lugares. É a mesma coisa com sua vida. Atravancamento, tanto físico como emocional, toma espaço e bloqueia o caminho, impedindo coisas novas de entrar. Assim, seja implacável no que diz respeito a livrar-se daquilo que já não lhe serve mais.

Você já ouviu falar do Pelicano? O Pelicano é o navio mais indesejado do mundo. Desde 1986, ele tem sido o errante dos mares. Ninguém o quer. O Sri Lanka não o quer. As Bermudas não o querem. A República Dominicana o expulsou. A mesma coisa fizeram a Holanda, as Antilhas e Honduras.

O problema não é o navio. Embora enferrujado e inoportuno, o cargueiro de 466 pés de comprimento (cerca de 154 metros) apresenta boas condições de navegação. O problema não é a documentação do navio. Os proprietários atualizaram a licença e as taxas foram pagas. O problema não é a tripulação. Eles podem sentir-se indesejados, mas não são ineficientes. Então, qual é o problema? Qual é a causa de anos de rejeição? Recusado no Sri Lanka. Expulso na Indonésia. Rejeitado no Haiti. Por que o Pelicano é o navio mais indesejado do mundo?

É simples. Ele está cheio de lixo. Quinze mil toneladas de lixo. Cascas de laranja. Garrafas de cerveja. Jornais. Restos de cachorros- quentes. Lixo. O lixo do longo verão da Filadélfia em 1986. Foi quando os trabalhadores municipais fizeram uma greve. Foi quando o lixo cresceu mais e mais. Foi quando o estado da Geórgia o recusou e Nova Jersey não o quis. Ninguém quis o lixo de Filadélfia.

Foi assim que o Pelicano entrou em cena. Os proprietários pensaram que ganhariam um dinheiro fácil com o transporte do lixo. O material foi queimado e o navio foi carregado com as cinzas. Mas ninguém as quer. No início, o problema era sua grande quantidade. No final, era um lixo muito antigo. Quem vai querer lixo potencialmente tóxico?

A situação do Pelicano é uma prova. Navios cheios de lixo encontram poucos amigos. A situação do Pelicano é também uma parábola. Corações cheios de lixo não têm melhor sorte.

Imagino que alguém pode se comparar ao Pelicano. Será que você também é rejeitado no cais? Será que está navegando para longe dos seus amigos e da sua família? Se for assim, você deve verificar a bagagem que está em seu coração. Quem vai querer oferecer espaço no cais para um coração que não tem mais espaço para nada e cheira mal?

A vida tem seu próprio modo de descarregar o seu lixo em casa ou no convés de nosso navio. O seu marido trabalha muito. A sua esposa reclama muito. O seu chefe exige muito. Os seus filhos choramingam muito. O resultado? Lixo. Cargas e mais cargas de ira. Culpa. Pessimismo. Amargura. Intolerância. Ansiedade. Decepção. Impaciência. Tudo isso vai se acumulando.

O lixo nos afeta. Contamina nossos relacionamentos. Mantenha o lixo a bordo e as pessoas sentirão o seu mau cheiro. Os problemas do Pelicano começaram com o primeiro carregamento. A tripulação deveria tê-lo rejeitado desde o início. A vida de todos a bordo teria sido muito mais fácil se não tivessem permitido que o lixo se acumulasse.

Como você poderia mudar a situação do Pelicano? Mudando seu carregamento. Encha o seu convés e os seus depósitos com flores ao invés de lixo, com presentes ao invés de cinzas, e ninguém recusará o navio. Mude o carregamento e você mudará o navio.

Para o que, ou quem, você precisa dizer "não"? O que ou quem você meramente tolera? Está na hora de terminar um relacionamento que o desgosta? De recusar- se a fazer favores que até agora fez porque sentia obrigação? É importante limpar tudo. Talvez essa idéia o assuste, mas, depois que tudo estiver em ordem, você sentirá um enorme alívio.
Daniel de Carvalho Luz

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Mulher...que arte tens?

Mulher é bicho dificil de se entender. É ser indefinido, ilimitado, é flor, é arte é poesia é perdão! Encontrei na cançào Samba da Bênção de Vinícius E Toquinho uma bonita passagem sobre a beleza feminina.
"Senão é como amar uma mulher só linda. E daí? Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza, qualquer coisa de triste, qualquer coisa que chora, qualquer coisa que sente saudade. Um molejo de amor machucado, uma beleza que vem da tristeza de se saber mulher, feita apenas para amar, para sofrer pelo seu amor e para ser só perdão.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Falando de mim...



Tá aí uma das tarefas mais complicadas de se fazer: falar de si.
A verdade é que nos achamos bons, justos, corretos, dignos etc e tal.
Mas, analisamos os outros e percebemos milhares de defeitos neles. Logo, tenho muitos também!
A cada dia me descubro me conheço e busco ser hoje uma pessoa melhor que ontem.
Sou antagônica:
Forte e frágil,
Menina e mulher,
Gente e bicho,
Alma e carne,
Poesia e drama,
Doçura e gana...
Grace Itana!